O ministro da Previdência, Carlos Lupi, alertou para o aumento contínuo na fila de requerimentos de benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), prevendo que o número de solicitações ultrapassará um milhão neste mês. Esse incremento se soma à já extensa fila de 1,794 milhão de pedidos registrada em junho, intensificando os desafios de processamento enfrentados pelo órgão.
A persistente demanda tem sido atribuída, em parte, ao rigor na revisão e cancelamento de benefícios julgados irregulares por parte do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), que administra programas como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC). O aprimoramento no controle dos benefícios sociais levou a cancelamentos, motivando aqueles que perderam benefícios a buscar novas solicitações imediatamente.
Desde sua posse em janeiro, Lupi manifestou o compromisso de eliminar a fila do INSS, embora reconheça que tal objetivo seja inalcançável dadas as altas taxas de novos pedidos. Ele, no entanto, assegura um esforço para reduzir o tempo de espera médio para 45 dias até o final do ano. Atualmente, 60% das requisições são respondidas em até 90 dias, enquanto 27% aguardam entre 91 e 180 dias, e 11% esperam até um ano. A minoria restante enfrenta esperas ainda mais longas.
A escalada da fila teve início durante o governo anterior de Luiz Inácio Lula da Silva, agravada pela suspensão dos bônus pagos a funcionários para acelerar o processamento e por problemas na indicação do presidente do INSS.
No entanto, Lupi anunciou medidas visando reduzir essa crise. Resultados do Programa de Enfrentamento da Fila, lançado em julho, devem começar a se tornar visíveis a partir de setembro. O pagamento de bônus aos servidores foi reintroduzido, com um custo de R$ 123 milhões neste ano. Além disso, estão previstas contratações de funcionários aprovados em concurso público.
Dentre as medidas, destaca-se um convênio com o Ministério da Saúde para aproveitar atestados concedidos por médicos do Sistema Único de Saúde (SUS) nos pedidos de auxílio-doença ao INSS. Lupi também planeja a implementação da telemedicina para afastamentos de até 90 dias, apesar das resistências. Outra ação envolve a integração de dados do Cadastro Único (CadÚnico) do MDS para eliminar pedidos duplicados.