A Petrobras vem lidando com um dilema em relação aos preços dos combustíveis, segurando possíveis reajustes apesar do aumento significativo na cotação do barril de petróleo. De acordo com o último relatório divulgado pela Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis) nesta sexta-feira (28/07), a defasagem no preço médio da gasolina nas refinarias da estatal em comparação com os preços internacionais atingiu 24%, enquanto o óleo diesel apresentou uma defasagem de 21%.
Nos últimos meses, o mundo testemunhou um aumento nos preços do petróleo e seus derivados, com as cotações do barril tipo Brent variando entre US$ 70 a US$ 75 até junho. Esse cenário permitiu que a Petrobras se distanciasse do PPI (Preço de Paridade de Importação) e promovesse dois cortes nos preços dos combustíveis. Em 1º de julho, a estatal reduziu o valor do diesel nas refinarias em 12,8% e o da gasolina em 5,3%.
Contudo, a situação atual é bem diferente, com as cotações diárias em julho apontando para um valor acima de US$ 83 por barril do tipo Brent. A Abicom destaca que, mesmo com a estabilidade do câmbio, que também influencia o PPI, a oferta limitada de petróleo no mercado global é o principal fator que está pressionando os preços futuros dos combustíveis.
Com a defasagem aumentando significativamente, crescem as especulações de que a Petrobras poderá realizar, nos próximos dias, o primeiro reajuste para cima nos preços desde o início da implementação da nova política de preços. Desde maio, a estatal não considera apenas o PPI para definir os preços, mas as cotações do barril e a taxa de câmbio ainda desempenham um papel importante no cálculo.
Segundo a Abicom, nas refinarias da Petrobras, o diesel é vendido, em média, R$ 0,78 abaixo das cotações internacionais, enquanto a gasolina é comercializada R$ 0,77 mais barata. Para efeitos comparativos, na Acelen, operadora privada da refinaria de Aratu (BA), a defasagem da gasolina está em aproximadamente 6% (- R$ 0,17).
Enquanto a estatal mantém os preços dos combustíveis congelados, tem aumentado a importação de diesel. Durante o segundo trimestre, o volume importado de barris cresceu expressivamente, atingindo 32,95%. Vale lembrar que as importações são feitas considerando os preços de referência internacionais.
A atual política de preços adotada pela Petrobras leva em conta não apenas o mercado internacional, mas também se baseia em outras referências para o cálculo, incorporando elementos do mercado interno. São considerados fatores como o custo alternativo para o cliente, que é estabelecido a partir das alternativas disponíveis no mercado, observando os preços praticados por outros fornecedores que ofereçam produtos semelhantes, e o valor marginal para a Petrobras, que leva em consideração as condições da companhia para produção, importação e exportação dos combustíveis.
A Petrobras enfrenta, portanto, o desafio de encontrar um equilíbrio entre os preços internacionais do petróleo, a cotação do dólar e a demanda interna, buscando uma estratégia que mantenha a competitividade no mercado, ao mesmo tempo que garanta a sustentabilidade de suas operações. O cenário permanece em constante evolução, e os próximos passos da estatal serão fundamentais para acompanhar o cenário global e os interesses dos consumidores e investidores.